Em meio às revelações do inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a “Abin paralela”, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), criticou a atuação do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) no comando do órgão.
“O que nos resta patente é que o senhor deputado, lamentavelmente, comprovado tudo nos autos, atuou como um verdadeiro chefe da Gestapo do governo anterior”, disse Randolfe, em pronunciamento nesta quinta-feira (11), em Brasília.
A Gestapo foi a polícia secreta oficial da Alemanha Nazista (1933-1945), atuando na repressão e perseguição a opositores e desafetos ao regime de Adolf Hitler.
A PF prendeu, nesta quinta, um militar do Exército, um agente da PF, um empresário e um ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social do governo de Jair Bolsonaro (PL) por suposta espionagem ilegal via aparato da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Ramagem foi diretor-geral da Abin entre 2019 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A CNN entrou em contato com o deputado pedindo um posicionamento sobre as investigações e aguarda retorno.
Em inquérito, a Polícia Federal apontou que, em posse do cargo, o hoje deputado e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro monitorou a investigação do assassinato da ex-vereadora carioca Marielle Franco, em 2018.
Sob comando de Ramagem, segundo a PF, a estrutura da “Abin paralela” também monitorou advogados de desafetos de Bolsonaro, jornalistas, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e membros da cúpula da CPI da Covid.
A CPI da Covid, instaurada em 2021, investigou a atuação do governo Bolsonaro diante da pandemia de Covid-19. A investigação foi aberta a pedido de Randolfe, quem vice-presidiu o colegiado.
“Enquanto brasileiros morriam, o governo anterior, ao invés de se preocupar em comprar vacina, se preocupava em perseguir e monitorar os adversários políticos do regime”, disse Randolfe.
Para o parlamentar, o inquérito da PF “reafirma” a ideia de que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022, foi um “movimento de salvação da democracia brasileira”.
Segundo Randolfe, o governo Lula “certamente estará à disposição para colaborar com as investigações” sobre um suposto uso ilegal do aparato da Abin, algo classificado por ele como “característica de regime fascista”.
“Esclarecer isso é uma necessidade imperiosa por parte de quem está no governo atualmente, mesmo porque representa a interrupção desse fluxo de atuação extralegal, excepcional e autoritária que ocorria no governo passado”, acrescentou.
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