Em cartaz em Salvador, Aprender a Sonhar, documentário de Vítor Rocha, acaba de ser contemplado com o convite de exibição e participação no BIFF-Festival Internacional de Cinema de Bollywood, na Índia. E mais, também foi selecionado para o Benin City Film Festival, na África.
No Brasil, o filme estreou em 32 cidades e em 57 salas de cinema no último dia 2. Em sua segunda semana, segue em cartaz em 30 salas. Em Salvador, na Sala de Arte Cinema da UFBA e no Cine Glauber Rocha, em cuja noite de estreia lotou quatro salas.
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E, a partir de amanhã, 18h30 – com a presença do professor de Direito Samuel Vida e de jovens das comunidades de Paraguari (Suburbana) e do Alto das Pombas –, a Sala de Arte Cinema da UFBA inicia um ciclo de sessões especiais em comemoração pelos 20 anos da Lei de Cotas.
Segundo seu diretor, Aprender é um macroprojeto: “Dele, já extraímos duas séries exibidas no sistema de TVs Educativas. Lançamos, agora, o longa-metragem e temos desenvolvido o trabalho de divulgação nas plataformas e nas redes sociais”.
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“É um projeto multilinguagem e isso ajuda bastante, na medida em que nos foi proporcionando novos conteúdos, a partir de todo esse material bruto das filmagens e que a gente conseguiu ir adaptando para diferentes formatos. A série teve uma linguagem mais televisiva, o longa-metragem é focado numa linguagem cinematográfica e eles se complementam de alguma maneira”, observa.
Políticas afirmativas
De acordo com Vítor, o que o levou a fazer Aprender a Sonhar foi “O interesse e a importância que enxergo no tema das políticas de ações afirmativas”.
Desde que entrou na Faculdade de Comunicação da Ufba, percebeu o quanto esse tema – o das políticas de ações afirmativas – vinha sendo discutido e cobrado pelos movimentos sociais.
“Cheguei às redações, já como jornalista profissional, e pude cobrir discussões, sobretudo na UFBA e na Uneb, pela implantação da política de cotas. Fiz várias matérias para o jornal A TARDE e virei uma espécie de setorista também do assunto, que não era colocado nas redações, mas a partir das minhas sugestões esse tema começou a ganhar as páginas do jornal, gerar debates e isso foi sendo estimulado e a pauta foi crescendo”, relata.
Mais à frente, ele decidiu propor a série que denominou Aprender a Sonhar, sendo contemplada no edital de TVs públicas e rodou a primeira temporada em 2016, que foi ao ar em 2017.
Depois, pensando nas multiplataformas e nas multilinguagens que assuntos como esse possibilitam, é que ele resolveu propor a continuação da série e o longa-metragem, que usa parte das imagens brutas, sobretudo, trechos não usados das séries e, com isso, elaborou o longa. Em 2024, lançou a segunda temporada da série, e está concluindo agora a terceira.
Chama todo mundo
Todo mundo sabe ou imagina o grande desafio que é colocar um filme independente nas salas de cinema em âmbito nacional. Conforme Vítor, “no Brasil, ainda enfrentamos uma enorme restrição, em relação à disponibilidade de salas, que é o fato de termos um mercado com cerca de 3.500 salas, das quais apenas são 60 acessíveis às produções independentes, fora eventuais salas de rua.
Então, para o cineasta, “o marketing, a divulgação e a comunicação em si são fundamentais, “mas estamos fazendo mais do que isso, chamando diretamente as pessoas interessadas no assunto, as associações, os militantes, os sindicatos, professores, estudantes, as pessoas que defendem as ações afirmativas, as políticas de cotas, a ampliação das políticas de cota, defendemos que ela deva chegar, como já chegou em vários lugares, na pós-graduação, nos concursos públicos, nas vagas para as empresas, que são políticas muito importantes para a redução das desigualdades sociais, para gerar uma sociedade mais equilibrada, mais respeitosa, que respeite seus saberes ancestrais e que se desenvolva com isso”.
O que levou Vítor Rocha a fazer Aprender a Sonhar foi seu interesse no tema das políticas de ações afirmativas | Foto: Divulgação
Aprender a Sonhar integra a série ‘Longas Bahia’, composta pelos filmes 1798: Revolta dos Búzios, de Antonio Olavo; Revoada, de José Umberto Dias; Brazyl, Uma Ópera Tragicrônica, de José Walter Lima. E, com lançamento em novembro, o documentário Minha Cuba, Minha Máxima Cuba, de Júlio Góes, que homenageia o ator Wilson Mello. Já acenando com novos projetos em andamento, “com muita honra e significativo sucesso de público”, foram distribuídos pela Abará Cinema e Vídeo – sim, do próprio Vitor Rocha.
A distribuição de Aprender a Sonhar é financiada pela Lei Paulo Gustavo Bahia, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do Ministério da Cultura (MinC), enquanto a produção do filme tem financiamento do MinC e da Ancine/BRDE/FSA, Governo Federal.