O câmbio automatizado, que um dia simbolizou inovação e praticidade no mercado brasileiro, chegou oficialmente ao fim. O Fiat Cronos foi o último carro produzido no Brasil com essa tecnologia, encerrando um ciclo iniciado em 2008, com o lançamento do Stilo Dualogic.
Após a Renault e a Volkswagen abandonarem o sistema, a Fiat foi a única montadora que ainda manteve o investimento por mais tempo. Foram 12 anos de produção, até que o sistema deixou de ser fabricado de vez, em 2020. Desde então, o câmbio automatizado só pode ser encontrado em veículos seminovos.
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Como funcionava o sistema
Na prática, o câmbio automatizado tinha estrutura semelhante à de um câmbio manual, mas com sistemas auxiliares que faziam o engate das marchas automaticamente. Esses sistemas podiam ser eletro-hidráulicos, responsáveis por desacoplar o motor da transmissão, ou totalmente eletrônicos, que realizavam as trocas de marcha.
O exemplo mais popular foi o sistema FreeChoice, desenvolvido pela Magneti Marelli. Nele, uma central eletrônica de transmissão se comunicava com a central do motor e decidia o momento ideal de trocar as marchas, conforme a pressão no pedal do acelerador.
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Trancos, custos e o começo do fim
O que começou como uma promessa de conforto acabou se tornando dor de cabeça para muitos motoristas. O custo de manutenção elevado e o funcionamento rígido do sistema foram decisivos para o declínio da tecnologia.
Os primeiros modelos sofriam com trancos nas trocas de marcha, problema que só diminuía quando o motorista aliviava o pé do acelerador. Além disso, falhas mecânicas eram comuns: em alguns carros, o câmbio chegava a quebrar ao engatar a ré enquanto o veículo ainda se movia para frente — o que levou as montadoras a incluírem travamentos de segurança nas versões mais recentes.
O avanço dos automáticos
Outro fator determinante foi o preço. As montadoras tentaram vender modelos com câmbio automatizado pelo mesmo valor dos automáticos convencionais, o que acabou tirando o apelo de custo-benefício.
Com o passar dos anos, os câmbios automáticos se tornaram mais acessíveis e eficientes, oferecendo trocas suaves, menor manutenção e dirigibilidade superior. Assim, o automatizado — que nasceu como uma solução intermediária — acabou perdendo espaço e desaparecendo das linhas de produção.
O legado do câmbio automatizado permanece na memória de quem viveu a transição entre o manual e o automático. Mas nas fábricas brasileiras, ele já é coisa do passado.